Harley-Davidson: Paixão Verdadeira ou Status de Vitrine?
Ainda hoje, infelizmente, existem muitos mitos sobre o universo Harley-Davidson. Falo com propriedade, por viver isso de perto.
É verdade: há quem hipervalorize essas motos de forma exagerada. Geralmente, são brasileiros endinheirados que compram uma Harley mais pelo status do que por entender o que ela realmente representa. Na prática, estão adquirindo uma imagem, não uma máquina.
Mas também conheço inúmeros “Harleyros” raiz — apaixonados de verdade — que valorizam o que essas motos oferecem em estilo, espírito e performance. Gente que não está atrás de aparecer, mas sim de viver a experiência única que só uma Harley pode proporcionar.
Amamos a marca, sim. E isso vai além do motor ou do ronco inconfundível. Amamos por tudo o que ela representa no imaginário coletivo: um símbolo poderoso do American Way of Life, algo que crescemos vendo em filmes, séries e na cultura pop. Isso é natural. Todos nós temos nossas paixões. E ser fã de algo não significa que aquilo seja o melhor do mundo — apenas que tem um valor pessoal, emocional, inserido num contexto histórico que nos toca.
Aí vem a pergunta inevitável: “Mas como essa paixão pode não ser elitista, considerando o preço de uma Harley?”
Minha resposta é simples: conheço muitos Harleyros que conquistaram sua moto com suor, esforço e muita criatividade. Gente que comprou motos de leilão, batidas, velhas — e que montou, reformou, customizou com as próprias mãos. Gente humilde, sonhadora, que não comprou um símbolo pronto — construiu o próprio.
No Brasil, esse tipo de história ainda é exceção. Mas lá fora, no mundo dos motoclubes, a verdadeira admiração está nas motos customizadas, únicas, cheias de personalidade. Ninguém liga para a “moto-coxa” original, enfeitada até demais. Aliás, existe até um termo para elas: full dressers — algo como “toda vestida” ou “vestida demais”. Ou seja, menos alma, mais vitrine.
No fim das contas, a Harley-Davidson continua sendo um ícone. Mas o que faz dela algo realmente especial não é o preço ou o emblema, e sim a história que cada um constrói sobre duas rodas.
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