Alianças e Clubes Suporte
A subcultura do motociclismo tradicional tem suas raízes nos outlaw motorcycle clubs dos Estados Unidos pós-Segunda Guerra Mundial. Veteranos de guerra buscavam a camaradagem e a adrenalina que sentiam no front, e encontraram isso nas estradas. Com o tempo, essa cultura se espalhou pelo mundo, chegando ao Brasil, onde alguns motoclubes adotaram e adaptaram essa filosofia de liberdade e rebeldia. Porém, na mesma medida, se utilizavam também dos mecanismos do warfare, onde todas as estratégias utilizadas na guerra eram reproduzidas em seus ambientes hostis que viviam, como sua própria razão de ser. E alianças e interesses comuns sempre fizeram parte disso. Mas até que ponto isso era vantagem ou desvantagem? E nos dias de hoje isso ainda tem sentido? Ou é apenas marketing para clubes considerados já grandes ou consolidados?
Imagine que você faz parte de um pequeno clube de motoqueiros. Quem vai te ajudar quando você estiver na estrada e precisar de um lugar para descansar? Ou quem lhe dará um apoio quando precisar realmente? Não se trata de qualquer apoio, mas daqueles do tipo que vai salvar sua vida. A resposta? O Motoclube dominante que você é suporte, é claro. Eles são como o irmão mais velho que te protege na escola... só que com mais tatuagens e menos regras de etiqueta. Ser aliado significa ter um convite VIP para todas as festas e eventos. É como ter a senha do Wi-Fi do bar mais exclusivo da cidade e beber uma cervejas lá dentro, quando não for convidado para outras coisas a mais...
Andar com os grandes te dá um certo prestígio. É como ser o prodígio do time de futebol mirim, que o capitão do time de futebol no ensino médio incentiva e ensina; de repente, todos te conhecem (e respeitam), pois sabem que você estará naquela mesma posição num futuro próximo.
Mas, às vezes, ser aliado também pode significar que seu pequeno clube seja considerado apenas uma sombra do maior. Você começa a se perguntar se as pessoas te conhecem pelo seu clube ou apenas como "aqueles caras que andam com os outros caras". Os clubes dominantes podem ter regras (os de verdade sempre têm), e como aliado, você tem que segui-las. É como ter um pai superprotetor que ainda te diz que horas você tem que estar em casa. Se o clube dominante entrar em uma briga, adivinha quem eles esperam que entre junto? Isso mesmo, você e seus amigos. É como quando seu amigo se mete em confusão e você tem que ajudar... Até mesmo se ele estiver "errado". Afinal, no mundo biker verdadeiro a irmandade supera qualquer razão, mesmo que você não tenha nada a ver com isso.
Existem muitos outros casos, também, que motoclubes chamados de suporte não são necessariamente pequenos ou irrelevantes ou apenas sombras daqueles que representam. Na verdade, são motoclubes consolidados que tem uma função diferente no mundo biker, como, por exemplo, ser encarregado de "missões" ou atribuições específicas que não cabe mais ou não é mais interessante para o clube que eles suportam. De fato, pode até ser mais desafiador participar desses "clubes especiais", que se encarregam de mudar os holofotes para si, deixando o clube "maior" livre para realizar suas atividades mais genéricas ou ostensivas, sem o "enchimento de saco" natural que os grandes clubes tradicionais sempre tem ao lhe dar com a sociedade e as leis. E no organograma, estão em pé de igualdade com o seu clube parceiro, inclusive, com membros do clube maior gerenciando e participando profundamente, gerando laços de irmandade. Quando algo se torna grande demais, às vezes, divide-se em "departamentos" e assim fica mais fácil cumprir um objetivo maior.
No Brasil, os motoclubes absorveram não só a estética dos clubes americanos, mas também a hierarquia e o código de honra. Isso inclui as alianças feitas e os clubes suporte. Uma organização grande, um Motoclube grande possui vários níveis de escalonamento vertical, até se chegar ao topo. E isso não é a toa. Funciona tanto para os negócios como também para a estrutura do clube. E assim como o churrasco brasileiro tem seu toque especial, os motoclubes daqui também têm suas peculiaridades, como, por exemplo, um maior foco em eventos e a integração com a cultura local, tornando-os únicos em sua forma, porém fiéis em sua essência tradicional.
Então, ser ou ter um motoclube aliado é como um casamento: tem suas vantagens, como ter sempre alguém para te apoiar, e desvantagens, como ter que compartilhar o controle remoto. Mas no fim das contas, é tudo uma grande família... só que com mais óleo, gasolina e umas tretas pra resolver de vez em quando.
Lembrando que, no mundo dos motoclubes, você deve saber com quem anda, estar ciente de suas parcerias, principalmente se não concorda com elas. Como já diz o ditado, "antes só do que mal acompanhado". A ironia disso é que nunca estaremos sozinhos de fato, como o vento na estrada: alguém está sempre presente, mas você só percebe quando está, quando está contra você.
Comentários
Postar um comentário