Divisão em um Motoclube
Uma das características de um motoclube já consolidado — que não é necessariamente boa — é o fato de que, com o tempo, corre-se o risco de perder o foco nas ações, filosofias e opiniões que o definem. Em outras palavras, muitas cabeças pensantes podem gerar divergências de opiniões, e a essência do clube pode ser perdida.
Mas qual seria a raiz desse problema, que de fato ocorre? O simples crescimento do clube já provoca isso, sem possibilidade de contornar a situação?
A resposta é sim. No entanto, isso não significa que a divergência de pensamentos precise dividir o clube. Pelo contrário, a diversidade de opiniões deveria torná-lo mais forte, afinal, duas cabeças pensam melhor do que uma.
Então, por que na maioria das vezes o clube acaba se dividindo e, em alguns casos, se desestruturando ou perdendo sua referência e relevância?
O maior motivo é o ego inflado de seus membros e uma liderança fraca.
Naturalmente, o ego de um membro de motoclube, por si só, já é diferenciado. Esse meio, inclusive, exige que o orgulho pelas cores seja, em certa medida, exacerbado em suas atitudes.
Trata-se de algo próprio de quem tem carinho pelo colete, pela história e pelas distinções que carrega. Essa subcultura valoriza cada símbolo, cada significado, cada atitude que demonstre o quanto é bom estar entre irmãos, os quais são considerados os melhores entre todos os outros. Algo parecido com o sentimento de torcedor, de orgulho, de pertencimento. E isso é algo muito positivo.
Porém, tudo em excesso é veneno. E aqui está o cerne do problema das divisões ou rachas de um clube: quando a liderança é fraca e não consegue canalizar as forças divergentes para o bem comum, essas forças entram em choque.
Um membro quer aparecer mais do que o outro. A relevância da função de um cargo é negligenciada em detrimento do destaque pessoal. Em outras palavras, Fulano sempre será "o cara que faz isso", Sicrano será "o que faz aquilo", e assim por diante. Surgem comparações como: “um faz mais isso do que aquilo que o outro faz”.
Favorecimentos, omissões e patriarcalismo destroem o clube. Se o ego do membro não for “massageado”, o clube, que antes era tudo para ele, torna-se irrelevante. Então, ele começa a focar em outras coisas que lhe darão mais destaque.
Assim, um indivíduo como esse acaba arrastando muitos outros que também buscam "um lugar ao sol", sem respeitar os preceitos e padrões que haviam aceitado ao ingressar na suposta irmandade.
E aí, o desastre está feito: o clube se fragmenta.
O cuidado que todos devem ter ao sustentar um clube grande é adotar critérios rigorosos para sua evolução. O controle nunca deve ser perdido, e os expurgos devem ser frequentes. Contudo, mais importante do que os expurgos é o controle na entrada. Ensinar os valores e exigir provas de comprometimento são fundamentais. À medida que o clube cresce, o processo de entrada deve se tornar mais seletivo.
Não importa o marketing "industrial" de um clube-empresa. Não importa entregar coletes em troca de nome ou fama. Aliás, a restrição sempre foi sinônimo de qualidade. Quanto mais difícil for obter algo, maior será o seu valor. É disso que se trata.
Por fim, a liderança do clube deve promover o pensamento coletivo. Deve ser a força que une as divergências e evidencia o que há de melhor em cada um. Além disso, deve ser firme no momento de aplicar o expurgo e a correção necessária.
A justiça do líder deve ser, sempre, a justiça de todos no clube.
Texto sinistro! S.T.N.Q.T.Q.Q
ResponderExcluirMuito top
ResponderExcluirBelo texto!! Explica com detalhes como um ego inflado pode ser um câncer de um MC..
ResponderExcluir