Confiança

Essencial em nossas vidas, a confiança faz a diferença em momentos de dificuldade. Ela não surge de imediato; é construída a partir de pequenas provas de lealdade, abnegação e apoio genuíno nos momentos em que mais se precisa.

A confiança é linear e estável. Não há variações. Ela determina a seriedade de uma ação ou de um projeto. Nela se deposita amizade, lealdade e, sobretudo, a longevidade de uma parceria.

Com base na confiança, forma-se uma aliança — e uma verdadeira aliança sempre será inquebrável.

E quais seriam as consequências da quebra da confiança?

Sendo linear, imutável e constante, a quebra da confiança cria um vácuo — um buraco, um vale.

Quando essa constância se desfaz, surge uma vulnerabilidade que escoa toda a "proteção" que se acreditava ter. De repente, você se vê exposto, frágil, pois depositou sua segurança na confiança. E, ao perdê-la, isso pode ser profundamente traumatizante.

Se, por um lado, a quebra da confiança gera vulnerabilidades, por outro, desperta um ressentimento profundo. Se não for devidamente trabalhado, esse ressentimento pode trazer ainda mais problemas à vida de quem foi traído.

Existem muitas razões pelas quais a confiança pode ser quebrada. Entre elas, apenas uma pode ser considerada realmente imperdoável: a falsidade.

A falsidade, quando aliada a algum tipo de interesse, corrompe qualquer aliança. Uma vez desvirtuado o propósito original, ocorre a destruição — uma destruição que se espalha, abalando todas as outras virtudes de um homem: o respeito, a retidão e sua própria paz interior.

Outros motivos de quebra de confiança podem ser compreensíveis, pois fogem ao controle. Muitas vezes, são fruto de falta de gerência, cuidado ou zelo.

Quando os interesses de ambas as partes se distanciam a ponto de a confiança se tornar irrelevante, não há mais razão para cultivá-la. Embora isso seja frustrante, é uma possibilidade. Ainda assim, melhor seria investir tempo na construção dessa confiança do que chegar ao ponto de ostentar uma aliança vazia, banalizando algo que deveria ser verdadeiro e imutável.

O vácuo da confiança pode ser preenchido novamente?

Sim e não. Se a quebra ocorrer por motivos alheios ao que você pode controlar — diante das suas limitações e circunstâncias —, é possível reavaliar a situação e, conforme sua vontade e o propósito assumido anteriormente, reconstruir, pouco a pouco, essa confiança. É um processo lento, que exige tempo, esforço e a cola do amor, da amizade e do verdadeiro querer bem. Sim, é possível recomeçar.

Porém, diante da falsidade e do interesse, uma vez constatados, torna-se impossível restaurar aquilo que, de fato, nunca foi verdadeiramente construído.